domingo, 8 de março de 2009

Entrevista a um membro da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo

No desenvolvimento do nosso projecto, realizamos uma entrevista a um membro da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC). Esta entrevista foi dirigida à Dra. Leonor Girão, tesoureira da APCC, com a finalidade de compreendermos em que consiste todo o seu trabalho e actividades desenvolvidas por esta associação. Além disso, pretendíamos tomar conhecimento dos objectivos da mesma, bem como o modo como intervêm na sociedade.
Esta entrevista é pertinente para o desenvolvimento do nosso projecto, dado que o nosso tema relaciona-se com o trabalho realizado pela APCC. Todo o contacto que estabelecemos com a associação, bem como a entrevista realizada a um membro desta, ajudar-nos-á em certas actividades planeadas, nomeadamente na palestra e na campanha.

  • Qual a sua formação em termos académicos?
    Licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa.
    Dermatologista membro da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia.
    Assistente Hospitalar de Dermatologia no Hospital Militar de Belém.

  • Conhece as razões que levaram à criação desta Associação?
    A associação foi fundada por dermatologistas preocupados com a crescente incidência do cancro cutâneo nas populações. Sendo a pele um órgão de observação directa e percebendo-se a importância de factores externos na génese de muitos dos cancros de pele, entendeu-se que era necessário uma associação que alertasse para estes problemas e divulgasse na classe médica o conhecimento científico mais recente nesta matéria.

  • Quais os principais objectivos/metas da APCC?
    Os objectivos principais da APCC dividem-se em dois campos: diminuir a incidência dos cancros cutâneos através de campanhas de prevenção primária e aumentar a detecção precoce e o tratamento atempado dos cancros cutâneos através das campanhas de prevenção secundária.

  • Qual o cargo que ocupa na Associação?
    Pertenço à direcção da APCC com o cargo de Tesoureira.

  • O que o motivou a juntar-se à Associação?
    Sendo a associação uma instituição sem fins lucrativos, nenhum dos membros tem qualquer retribuição económica pelos cargos ou funções que ocupa ou desempenha. É comum a todos nós o interesse por melhorar as condições de saúde pública das populações assim como, enquanto dermatologistas, diminuir a morbilidade e mortalidade das doenças cutâneas, nomeadamente os cancros de pele.

  • Poderia explicar o trabalho desenvolvido pela Associação?
    A Associação tem vindo a desenvolver várias campanhas de prevenção primária dirigidas quer a crianças (infantários e escolas), quer a professores, farmacêuticos, enfermeiros, médicos (palestras, acções de formação), quer à população em geral (em fóruns, praias, locais públicos). Para isso desenvolveu um livro com informação dirigida a crianças, folhetos dirigidos à população e um CD com informação científica para formadores e professores, para além de cartazes com mensagens de prevenção que são afixados em várias cidades balneares no Verão.
    Na área da prevenção secundária é responsável pelo dia de rastreio nacional do cancro cutâneo que decorre nos hospitais públicos e por folhetos informativos para a população. Tem ainda uma revista médica redigida em inglês “Skin Cancer” de periodicidade trimestral.

  • Que tipo de actividades preventivas já desenvolveram?
    Tal como referido na pergunta anterior, todos os anos são efectuadas campanhas nas praias e cidades costeiras de prevenção primária do cancro de pele. Nelas são distribuídos folhetos com os cuidados a ter com o sol e com a pele. São também realizados inquéritos à população sobre hábitos de exposição solar. Têm ainda sido feitas várias campanhas em escolas primárias em que é distribuído um livro da associação feito especialmente para crianças (Livro do Zé Pintas). Todas estas acções são gratuitas e o material tem sido distribuído gratuitamente, contando apenas com o trabalho voluntário dos associados e colaboradores. Há ainda colaboração de vários membros da APCC em programas e revistas de informação sobre a temática do cancro cutâneo.
    A associação também realiza dois simpósios anuais (no Porto e em Lisboa) sobre a temática do cancro de pele e sua prevenção em que tem o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, da Ordem dos Médicos e da Direcção Geral de Saúde.

  • Os doentes costumam contactar com a associação? Quais os motivos que os levam a fazê-lo?
    AAPCC tem como principal alvo a prevenção. Os doentes que contactam a associação pretendem habitualmente informação concreta sobre um problema de cancro em particular.

  • De que modo é que os doentes de cancro cutâneo sentem um apoio por parte da associação?
    A associação tem disponível informação científica sobre a temática do cancro de pele no seu site. Sempre que possível redirige os doentes para os locais adequados, informando quais os locais públicos com consulta de dermatologia disponível.

  • Qual a importância do trabalho desenvolvido pela associação?
    Quando se fala em cancro de pele, fala-se em morbilidade e mortalidade. O cancro de pele mata. Se se puder diminuir o nº de doentes com cancro e alertar as populações para recorrerem ao dermatologista sempre que virem um sinal que mudou, pudemos realmente diminuir a incidência destas patologias. É esta a nossa missão: diminuir a incidência das doenças oncológicas cutâneas na população.

  • Qual o impacto que consegue notar/observar, desde que está ligado à associação, ao nível das actividades preventivas?
    Desde que se iniciaram as campanhas, conseguimos constatar quer pelos inquéritos realizados nas praias quer por observação directa de comportamentos que muito se tem evoluído em termos de comportamentos de exposição ao sol. Actualmente há uma maior preocupação com a protecção solar, havendo maior utilização dos produtos de protecção solar (cremes, sprays) e, sobretudo, maior protecção das crianças pequenas (ida para a praia em horas menos perigosas, uso de chapéu e camisola, por exemplo).

  • De que forma angariaram fundos para o desenvolvimento das actividades pretendidas?
    A associação sobrevive com os donativos e com os patrocínios de entidades privadas. Umas vezes em dinheiro outras vezes com materiais (impressão de folhetos, material promocional da associação fornecido por particulares). Foi ainda realizado um jantar de gala há dois anos em que participou a Drª Maria Cavaco Silva para angariar fundos. Também recebe fundos dos stands que participam nas reuniões anuais da APCC e da publicidade no site. Naturalmente, todos os donativos são bem-vindos e sendo a associação uma instituição sem fins lucrativos, não sobreviveria sem o trabalho (por vezes esgotante) dos voluntários.

Conclusão retirada da análise da entrevista:

A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo é uma associação sem fins lucrativos e o seu principal objectivo é a prevenção, nomeadamente no fornecimento de informação através de campanhas de sensibilização, de acções de formação e palestras. Esta associação tem uma grande importância na sociedade uma vez que o cancro cutâneo mata. Esta pretende diminuir o número de casos de cancro no país, visto que a incidência deste problema tem vindo a aumentar exponencialmente. Para que este objectivo se realize é necessário um trabalho árduo por parte dos membros da associação, nomeadamente na distribuição de panfletos, na afixação de cartazes e na realização dos rastreios. Além disso, é necessário a adesão da população, para com o trabalho da associação.
Quando são contactados por doentes de cancro cutâneo, a associação redirige os mesmos para um local apropriado para o seu tratamento. O trabalho na APCC tem sido bastante produtivo, pois com os inquéritos realizados e a observação directa dos comportamentos dos indivíduos estes concluem que há uma maior preocupação na colocação de protector solar e uma maior protecção das crianças.

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